Pesquisa com Monges Tibetanos Mostra Como Tipos de Meditação Diferentes Afetam o Cérebro
Uma pesquisa recente, publicada na revista Frontiers in Psychology, analisou como diferentes tipos de meditação impactam a atividade cerebral. Utilizando eletroencefalografia (EEG), os pesquisadores focaram em dois tipos principais de meditação: a concentrativa e a analítica. Pesquisa com Monges Tibetanos Mostra Como Tipos de Meditação Diferentes Afetam o Cérebro, esse estudo, conduzido com monges do Monastério Sera Jey na Índia, revelou padrões distintos de atividade cerebral associados a cada tipo de prática meditativa, oferecendo novos insights sobre a regulação cognitiva e emocional.
A investigação buscou entender como essas práticas meditativas influenciam a atividade cerebral, uma questão ainda pouco explorada apesar da crescente popularidade da meditação em contextos clínicos e seculares. O estudo destacou a necessidade de examinar de forma mais detalhada os mecanismos neurais específicos que sustentam as diversas formas de meditação.
Os resultados mostraram que a meditação concentrativa, que envolve focar a atenção em um único objeto, como a respiração ou um mantra, provoca mudanças significativas na atividade cerebral em comparação à meditação analítica, que envolve reflexão sobre conceitos ou ensinamentos. Essas descobertas contribuem para um entendimento mais profundo dos efeitos neurofisiológicos da prática meditativa a longo prazo.
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Objetivo da Pesquisa
O estudo investigou como diferentes formas de meditação influenciam a atividade cerebral. Embora a meditação esteja ganhando popularidade em contextos clínicos e seculares, os mecanismos neurais específicos de diversas práticas meditativas ainda não são completamente compreendidos.
Metodologia
Focando na meditação concentrativa e analítica, os pesquisadores procuraram delinear os perfis neurofisiológicos associados a essas práticas. A meditação concentrativa, que envolve focar a atenção em um único objeto (como a respiração ou um mantra), mostrou mudanças significativas na atividade cerebral, especialmente nas ondas alfa e teta nas regiões frontal e posterior, indicando maior controle atencional e redução da divagação mental. Em contrapartida, a meditação analítica, que envolve reflexão sobre conceitos ou ensinamentos, resultou em mudanças menos acentuadas.
Declarações dos Pesquisadores
Bruno Neri, autor do estudo, comentou sobre sua motivação e experiência:
“Embora eu tenha sido professor de Eletrônica na Universidade de Pisa por mais de 40 anos, a ciência da mente e a investigação da consciência sempre estiveram no centro dos meus interesses. Minha curiosidade sobre o Dalai Lama e suas práticas espirituais me levaram a promover colaborações entre a Universidade de Pisa e o Monastério Sera Jey.”
Neri ficou impressionado com a capacidade dos monges de “induzir diferentes estados mentais voluntariamente, reconhecíveis por instrumentos de medição objetivos”. Ele destacou a importância de abordar esses praticantes com humildade e desejo de aprender, evitando tratá-los como meras cobaias.
Descobertas do Estudo
Os pesquisadores observaram que a meditação concentrativa produziu mudanças mais pronunciadas na atividade cerebral do que a meditação analítica. Em meditadores avançados, notou-se um pico na faixa de frequência beta durante algumas sessões, ausente em iniciantes, sugerindo que a prática de longo prazo pode aprimorar processos cognitivos e atencionais específicos.
Limitações e Futuras Pesquisas
Apesar das descobertas valiosas, o estudo teve limitações, como o tamanho pequeno da amostra e a distribuição desigual dos níveis de experiência dos participantes. Estudos futuros devem incluir amostras maiores e mais equilibradas, além de explorar os efeitos de longo prazo da meditação e seu impacto em populações clínicas específicas, como pessoas com ansiedade ou depressão.
Conclusão
O estudo destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar, combinando neurociência ocidental e práticas contemplativas orientais, para compreender a consciência. Neri planeja futuras pesquisas para explorar meditações esotéricas que impactam a relação mente/corpo, como a meditação g-tummo e Mahamudra, que demonstram controle mental sobre a temperatura corporal e metabolismo, respectivamente.
O estudo, intitulado “Relatório de um Monastério Tibetano: Correlatos Neurais EEG da Meditação Concentrativa e Analítica”, foi conduzido por Bruno Neri e sua equipe, incluindo Alejandro Luis Callara, Nicola Vanello, Danilo Menicucci, Andrea Zaccaro, Andrea Piarulli, Marco Laurino, Ngawang Norbu, Jampa Kechok, Ngawang Sherab e Angelo Gemignani.